Publicado por: Ricardo Shimosakai | 04/02/2014

Deficiente sofre, também, nos aeroportos


O drama de pessoas com deficiência que precisam viajar de avião. Eles enfrentam falta de acessibilidade nos aeroportos brasileiros.O drama de pessoas com deficiência que precisam viajar de avião. Eles enfrentam falta de acessibilidade nos aeroportos brasileiros.

Quando Isabel Cristina Rabelo Passos, Pedagoga e cadeirante, decidiu viajar de avião pela segunda vez, achou que teria uma experiência diferente da primeira, mas nos dois voos nacionais, um para Belo Horizonte e outro para o Rio de Janeiro o constrangimento foi o mesmo.

“Nos dois voos eu tive que ser carregada, o que é perigoso porque você não sabe se a pessoa tem a prática de pegar uma cadeira de rodas e descer escadas. É muito constrangedor um desembarque de 5 ou 10 minutos levar 1 hora”, critica Isabel.

Isabel não é a exceção. O cadeirante especializado em turismo adaptado, Ricardo Shimosakai, viaja pelo menos 1 vez por mês à trabalho, e já enfrentou situações parecidas.

“Eu estava voltando da Argentina e estava necessitando de um ambulift, que é um carro-elevador para quando o avião para na pista, fazer a sua descida da aeronave. Fiquei esperando mais de 1 hora. Fui saber a razão disso, e eles disseram que havia mais 5 cadeirantes na minha frente para utilizar o equipamento. Então eu tive que esperar esse tempo todo”, comenta Ricardo Shimosakai.

De acordo com a resolução da ANAC, o embarque e desembarque do passageiro com necessidades especiais, devem ser feitos preferencialmente por pontes de embarque, elevadores ou rampa. Carregar manualmente o passageiro em situações que não são emergenciais, é proibido de acordo com a norma.

Outra reclamação frequente segundo Ricardo, é com relação ao transporte das cadeiras de rodas. O deficiente físico tem direito a levar a sua sem pagar nenhuma taxa extra. O ítem deve ser considerado frágil e prioritário, e levado no mesmo voo do passageiro. Caso o equipamento seja danificado ou perdido, o operador tem o prazo de 14 dias para indenizar o cliente ou substituir o ítem. Obrigação que no caso de Ricardo, levou mais de 6 meses para ser cumprida.

“Isso é uma danificação muito grave. Então eu pedi para a companhia aérea, que ela me indenizasse. Na verdade eu fui com uma proposta para melhorar o serviço dela, mas não aceitaram, então eu fiz com que pagassem minha cadeira, e pagaram 17 mil reais por uma cadeira de rodas nova”, complementa Ricardo.

“Eu dei uma volta com o Ricardo, e a gente pode perceber que para os cadeirantes, o problema do aeroporto começa já na chegada. Por exemplo, pouquíssimas empresas tem um guichê rebaixado para atender os cadeirantes. Algumas que tem, ainda aproveitam para colocar alguns objetos”, observa a repórter Karina Zasnicoff.

“Às vezes quando eu me dirijo à um tipo de balcão como esse (com altura rebaixada) que não tem ninguém, o atendente que está do lado, pede para eu me deslocar até o outro balcão inacessível, ele não vem até o balcão acessível”, diz Ricardo.

Durante o trânsito nos aeroportos as empresas aéreas fornecem cadeiras de rodas e funcionários para ajudar. No caso de Maria Luiza Pires, a norma foi cumprida, só que o equipamento estava em péssimas condições.

“Me deram essa cadeira quebrada e infelizmente se eu soltar ela, vai parar lá na avenida, não tem trava. Se eu estivesse sozinha carregando minha mãe e as malas, eu tinha acidentado ela”, explica Maria Luiza.

A Infraero, operadora do Aeroporto de Congonhas, informou que dispõe de 2 ambulifts para atender os passageiros com deficiência física. Já a GRU Airport, que administra o Aeroporto Internacional de Guarulhos, informa que possui 3 destes aparelhos.

Em nota a ANAC respondeu que a resolução de acessibilidade, que passou a vigorar em janeiro de 2014, traz um cronograma obrigatório para que cada aeroporto tenha ambulifts de acordo com o número de passageiros transportados, e ressalta que a fiscalização sobre segurança é sua prioridade. A companhia aérea Gol esclarece que sobre os balcões de vendas de passagens, mantém somente itens necessários para atendimento e prestação de informações aos passageiros, de acordo com o que determina a legislação. E a TAM lamenta os transtornos causados às passageiras e informa que está examinando o estado de conservação das cadeiras de rodas oferecidas pela companhia em Congonhas.

Fonte: TV Gazeta


Respostas

  1. Acho que já não resta nenhuma dúvida de que nós, o povo brasileiro, vamos passar muita vergonha durante a copa e, talvez, também quando dos jogos olímpicos. Já não há tempo para nada, e o fato de não haver ambulifts em alguns aeroportos que sediarão jogos fala por si. Por outro lado não há, sequer nos hotéis, a preocupação com a acessibilidade. As ruas, calçadas, transportes públicos, praças e centros esportivos não possuem ou apresentam arremedos de obras visando eliminar barreiras arquitetônicas, não há piso podotáctil nem rampas nem sinais de trânsito sonoros, com algumas raríssimas e honrosas exceções. Resta lamentar.

    • Não sei se exatamente vamos passar tanta vergonha, mas sim muita indignação. Digo isso porque a organização e os responsáveis acabam manipulando a mídia e mostrando somente as coisas boas. Mas contamos com a mídia que gosta também de denunciar as coisas erradas, e atualmente com a internet fica mais fácil mostrar a verdade, com a ajuda de todos.

  2. Boa tarde Ricardo! Sou cadeirante e estou muito contente com o site!!
    Já passei muito sufoco no GIG!
    Claudia Lannes
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    • Estamos melhorando. Além de informações, agora também teremos serviços. Beijos.


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